Exposição no Masp traz bordados de mulheres atingidas por barragens

RÁDIO AGÊNCIA NACIONAL

Uma exposição inédita no Masp, o Museu de Arte de São Paulo, traz bordados costurados por mulheres brasileiras atingidas por barragens. A mostra reúne 34 arpilleras – um tipo específico de arte têxtil – produzidas pelo Coletivo Nacional de Mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens.

As peças em exposição denunciam não só o rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. Entre tecidos e bordados, estão também denúncias sobre a reforma trabalhista, a especulação imobiliária, a insegurança alimentar, a violência sexual e até mesmo as consequências provocadas pela pandemia da covid-19.

Arpillera, base dos bordados na exposição, é uma linguagem têxtil e politicamente engajada que surgiu no Chile, nos anos 1970, durante a ditadura de Augusto Pinochet. Lá, as mulheres, mães, esposas, filhas dos presos políticos bordavam no tecido da juta para denunciar as torturas, os desaparecimentos, a luta por liberdade.

No Brasil, mulheres da Amazônia, do interior da Bahia, de Minas, do Rio Grande do Sul, que integram o Movimento dos Atingidos por Barragens, costuram as arpilleras juntas em oficinas.

Para a curadora da exposição, Isabella Rjeille, a força dos bordados está justamente nesta mobilização coletiva para contar estas histórias.

Com muitas mãos entre retalhos, linhas e agulhas, a gaúcha Suellen Fagundes é um das que teceram histórias de luta nos bordados, denunciando as enchentes no Rio Grande do Sul, ano passado.

Contar suas histórias e gravar nos tecidos a memória do que as atinge. As bordadeiras denunciam violações de direitos humanos, mas costuram juntas também sonhos e esperanças.

A exposição fica em cartaz no Masp até 3 de agosto. Às terças-feiras, a entrada é gratuita.